quinta-feira, 23 de abril de 2009

Características Românticas

- Nacionalismo: as personagens falam e agem, demonstrando um patriotismo:
“– O meu nobre pai! Oh, meu querido pai! Sim, sim, mostrai-lhe quem sois e o que vale um português dos verdadeiros!”

- Idealização de personagens femininas: Maria, D. Madalena, D. Joana de Castro são exemplos das mais diversas virtudes. O segundo casamento de D. Manuela não chega a ser uma atitude pecaminosa, posto que procurou por D. João de Portugal durante sete anos, investindo uma grande quantia de dinheiro nessa procura. Somente quando todos, excepto Telmo, desacreditaram na possibilidade de D. João estar vivo, consolidou sua união com D. Manuel. Maria, por sua vez, é citada como um anjo de bondade.

- Pessimismo: é facilmente detectado no diálogo das personagens:
“– Meu adorado esposo, não te deites a perder, não te arrebates. Que farás tu contra esses poderosos?”
“Crê-me que to juro na presença de Deus; a nossa união, o nosso amor é impossível.”


Notamos que esse pessimismo explícito abre portas ao metafísico, sob a forma de presságios e agouros, que disputam, em pé de igualdade com a fé popular. Algumas personagens acreditam em Deus, mas crêem igualmente que seus medos e suas sensações são avisos de que alguma coisa ruim realmente acontecerá:
“...não entremos com os teus agouros e profecias do costume: são sempre de aterrar... Deixemo-nos de futuros...”
“... agora não lhe sai da cabeça que a perda do retrato é prognóstico fatal de outra perda maior, que está perto, de alguma desgraça inesperada, mas certa, que a tem de separar de meu pai.”


- Sentimentos e emoções conturbados: não há paz e tranquilidade no relacionamento das personagens principais. Amor e medo caminham juntos, gerando atitudes precipitadas e movidas pelo desespero:
“...peço-te vida, vida, vida... para ela, vida para a minha filha!”
“– Se Deus quisera que não acordasse!”
“– Vamos; eu ainda não me intendo bem claro com esta desgraça. Dize-me, fala-me a verdade: minha mulher...– minha mulher! com que boca pronuncio eu ainda estas palavras! – D. Madalena o que sabe?”


- A Natureza: também não se apresenta sempre tranquila. Vimos na descrição do Tejo que suas águas ficam furiosas quando o tempo muda:
“Mas neste tempo não há de fiar no Tejo: dum instante para o outro levanta-se um nortada... e então aqui o pontal de Cacilhas! Que ele é tão bom mareante...”

- Escapismo: quando a situação adquire uma carga insuportável de sofrimento moral e emocional, os protagonistas não enfrentam o repúdio da sociedade e aceitam o refúgio na vida religiosa:
“– Madalena... senhora! Todas estas coisas são já indignas de nós. Até ontem, a nossa desculpa, para com Deus e para com os homens, estava na boa-fé e seguridade de nossas consciências. Essa acabou. Para nós já não há senão estas mortalhas (tomando os hábitos de cima da banca) e a sepultura dum claustro.”

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